Falta atendimento especializado à pessoa idosa nas delegacias de polícia civil
14 de Setembro de 2017
Nesta semana, a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, na Câmara dos Deputados, realizou uma audiência pública para debater a violência praticada contra a população idosa e a necessidade de um atendimento especializado, quando a violência ocorre com esta população. Durante a audiência pública, requerida pela deputada Leandre Dal Ponte (PV), dois pontos principais foram destaque: a falta de aplicação das políticas públicas de proteção ao idoso e a falta de atendimento especializado à pessoa idosa nas delegacias.
Participaram da audiência duas titulares de delegacias especializadas no atendimento aos idosos, uma de Natal (RN), e a outra de Porto Alegre (RS). Elas compartilharam o dia a dia nas delegacias, a necessidade de profissionais especializados para realizar o atendimento à pessoa idosa, e explicaram os tipos de violência que são praticadas contra a população acima dos 60 anos.
“Acolhimento da pessoa idosa leva 40 minutos, ou mais. É preciso que o servidor esteja apto e tenha dentro de si esta vontade de prestar um atendimento diferenciado”, exemplificou a delegada gaúcha Larissa Savegnago. “Também é preciso ter uma maior formação e sensibilização das camadas mais jovens para terem mais respeito e solidariedade aos idosos”, acrescentou a delegada Ana Paula Diniz, de Natal, Rio Grande do Norte. Por videoconferência, também participou dos debates Iadya Gama Maio, Procuradora de Justiça Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte.
A deputada federal Leandre Dal Ponte elogiou a forma de aplicação da lei e os atendimentos realizados nas delegacias especializadas em Porto Alegre e Natal, mas lembrou que esta ainda é uma realidade distante de outros estados da federação, como o Paraná, por exemplo, onde não há delegacias especializadas, tampouco profissionais que façam um atendimento mais humanizado de atenção à população dosa nas delegacias.
“Queremos que o Paraná também tenha as delegacias especializadas em defesa da pessoa idosa, pelo menos nas maiores cidades. Com certeza, vamos vencer essa deficiência que nosso estado tem. Mas também precisamos reconhecer o grande trabalho que o Ministério Público do Paraná faz, encabeçado pela Dra. Rosana Bevervanço”, afirmou a deputada. Mesmo diante do anseio, Leandre reconheceu a dificuldade da criação de uma delegacia especializada ao idoso no Paraná, quando a maior parte dos municípios sequer possui uma delegacia para atendimento convencional.
A representante do Ministério Público do Paraná, Rosana, que também participou do debate na Câmara dos Deputados, destacou que o Brasil possui um instrumental legislativo excelente, como o Estatuto do Idoso, a Política Nacional do Idoso, e a própria Constituição Federal. Mas o que falta é a proteção dos direitos da pessoa idosa pelo Estado: a União, os estados, e os municípios.
“Nós não vemos as políticas públicas serem realizadas. E o idoso é uma vítima diferenciada. Não temos a menor dúvida de que precisamos de uma escuta diferenciada. Precisa ter talento e especialização por parte do profissional. Não é todo mundo que pode trabalhar na área. É preciso ter mais do que competência. É preciso ter humanidade”, concluiu.